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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Blog do FARIAS, JULIO DANIEL: Alagoas Fique Sabendo: Experiência de Campanha para população LGBT no município de Teotônio Vilela. Trabalho apresentado por Farias, Julio Daniel no Congresso Viver Direitos, Acesso, Equidade e Cidadania –Brasilia-DF/2010

Blog do FARIAS, JULIO DANIEL: Alagoas Fique Sabendo: Experiência de Campanha para população LGBT no município de Teotônio Vilela. Trabalho apresentado por Farias, Julio Daniel no Congresso Viver Direitos, Acesso, Equidade e Cidadania –Brasilia-DF/2010

Alagoas Fique Sabendo: Experiência de Campanha para população LGBT no município de Teotônio Vilela. Trabalho apresentado por Farias, Julio Daniel no Congresso Viver Direitos, Acesso, Equidade e Cidadania –Brasilia-DF/2010



No estado de Alagoas, existem dificuldades de acesso a testagem anti-HIV, acentuadas no que diz respeito à população LGBT residente em cidades do interior. Campanhas como o Fique Sabendo, nunca foram implementadas e municípios de pequeno porte como o de Teotônio Vilela, não possui rede laboratorial, acentuando o problema vivenciado por toda a população e em especial no que se refere a população LGBT local.

Em 2009, a OSC - Afinidades GLSTAL - promoveu mobilização em Teotônio Vilela para ampliação da testagem e do conhecimento da população LGBT sobre prevenção. A parada do orgulho LGBT, seminários e campanhas educativas foram fundamentais para que a população pudesse ser sensiblizada e participasse da Campanha Fique Sabendo, promovida em parceria com a Secretaria de Saúde do Município. 56 exames com rigorosos cuidados éticos no aconselhamento pré e pós testagem foram realizados por profissionais capacitados, destes todos resultados negativos.

Lições aprendidas durante o processo: (1) Em relação aos serviços de saúde, observa-se que os profissionais são treinados para campanhas, mas em geral não romper as rotinas e propõem ações fora do âmbito das unidades. A parceria com a ONG mobiliza, sensibiliza, estimula, e compromete. (2) Em relação à população LGBT: ações coletivas favorecem o alcance de grupos específicos e a construção de respostas locais pois garantem maior visibilidade aos direitos conquistados e conferem maior importância ao autocuidado e ao cuidado na relação com o outro.

Esta experiência demonstra a importância de iniciativas que promovam maior integração entre sociedade civil e governo para garantir o direito à prevenção em sua maior escala. O projeto pretende avançar para sensibilização de outros municípios e a consolidação da facilitação do acesso a testagem como uma estratégia fundamental de prevenção e controle da epidemia de HIV/Aids seus efeitos coletivos e individuais no que se refere à população LGBT

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Blog do FARIAS, JULIO DANIEL: PRECONCEITO “Violência contra homossexuais é questão de saúde pública”

Blog do FARIAS, JULIO DANIEL: PRECONCEITO “Violência contra homossexuais é questão de saúde pública”

PRECONCEITO “Violência contra homossexuais é questão de saúde pública”


Crimes de extermínio, torturas, agressões, ameaças e difamações. De acordo com a Associação Brasileira de Gays, Lesbicas e Travestis (ABGLT), a cada dois dias um homossexual e assinado no Brasil em decorrência de sua orientação sexual. Os estudiosos demonstram em sua pesquisas que somos uma sociedade homofóbica, ou seja, há uma especificidade na discriminação existente com os homossexuais.
Para dar exemplo da magnitude do problema da violência contra os homossexuais, basta observar que, estatisticamente, se estima que apenas de 1% a 5% da populaçãototal de um país tem uma orientação voltada para o mesmo sexo. Revelando dessa forma, existir uma quantidade desproporcionada de casos de violências nesta categoria em relação ao resto da população.
A violência contra o homossexual, na maioria das vezes, começa na própria casa. Quando descoberta a orientação sexual, são humilhados, espancados, expulsos e, em alguns casos, até abusados sexualmente. Algumas vezes, o homossexual é compelido a sair muito mais cedo da escola ou não é aceito ou demitido do trabalho por pressões sofridas. E, outras vezes, lhes é vedado o reino dos céus e são colocados como pecadores e transgressores da vontade de Deus.
Segundo o antropólogo Luiz Mott (2003), “nos arquivos do Grupo Gay da Bahia  há dezenas de registros de meninos e adolescentes que sofreram todo tipo de violência física quando seus pais descobriram que eram viados: humilhação, insulto, espancamento e expulsão de casa”.
Os dados ainda são incompletos e parciais, tendo em vista que muitos crimes não são sequer catalogados. É que, freqüentemente, ao tentar registrar agressões junto a delegacias, os homossexuais acabam sendo vitimas de mais discriminações e preconceito por parte dos próprios policiais , passando de denunciante a denunciados.
Pesquisas internacionais vêm apontando que as agressões sofridas geram seqüelas duradouras, físicas e psicológicas, que podem ir da simples insônia a tentativas de suicídio. Dores, desconfortos severos, problemas de concentração e tonturas são alguns dos sintomas descritos pelas pessoas  que já sofreram violência física  e/ou sexual. Sem mencionar, é claro, lesões diretamente decorrentes da violência, tais como: cortes, perfurações, mordidas, contusões, esfolamentos e fraturas. O uso diário de álcool e drogas também é mais freqüente entre os agredidos.
Outra questão grave  é a  chamada cadeia de violência. De acordo com especialistas, as pessoas agredidas com freqüência costumam reproduzir o comportamento dentro da família e na sociedade. Eles advertem, também, que as repressões  e castrações porque passam no período escolar podem levar os jovens a ter problemas psíquicos quando adultos, adquirindo um comportamento que os coloque sempre como estranhos no ninho.
Os sofrimentos físicos e mentais, no entanto, não desaparecem tão facilmente. Quando os homossexuais procuram um médico ou hospital e apenas descrevem os sintomas, fica muito difícil para o médico fazer um diagnóstico, e a questão maior, a violência, acaba sendo negligenciada também nas Unidades de Saúde.
Gouveia e Àvila (1996), ao discorrem sobre o atendimento desta categoria nos serviços de saúde, dizem que os “homossexuais não se encaixam na noção de cidadão, trabalhador ou pai. Sendo assim, o atendimento que se faz nestas situações termina por se configurar como um lugar de atendimento ao/a marginal “. Terto (1996) também enfatiza em seu discurso “... que indivíduos com baixa auto-estima ou com medo de discriminação ou sob pressão de preconceitos não buscam ajuda ou tratamento adequado, seja por medo ou por negligência consigo e com o outro”.
A violência nunca vai aparecer se os serviços de saúde não se interessarem, e a solução está no âmbito das políticas públicas. Ganhar a confiança do paciente para que ele se sinta à vontade em assumir a orientação sexual e indagar sobre agressões, mesmo que não aja sintomas aparentes, como lesões, é uma forma de estar atento. É tratar a questão da violência contra homossexuais como uma problemática de saúde pública.
Autor: Julio Daniel e Silva Farias                                                                                                                           texto publicado em O Jornal – Caderno Opinião 30/07/2003